O amor ao qual quero aludir é exatamente ao amor da renúncia, ao amor desinteressado, ao amor de doação, ao amor da entrega.
Este é sem duvida o verdadeiro amor. Porém, somente quem o tem pode doá-lo. Ou seja, primeiro é essencial que a própria pessoa se ame para que então, possa amar. Ninguém, naquele tempo e nem hoje, pode dar o que não tem. Logo, se eu não me amo não poderei dar aquilo que eu não tenho para comigo mesmo a alguém ou a uma causa.
Como o amor é tudo na vida de uma pessoa, aquele que não se ama e, consequentemente, não distribui amor, tem por obrigação natural, visto que é impossível se viver sem amar, buscar suplementos para este vácuo existencial noutros lugares, daí a doença.
Os doentes buscam, às vezes, no vício, nas drogas ou na depressão, mormente nestes tempos do “fast”, do rápido, do veloz, do ligeiro, do sem tempo, em que não nos é dado o devido espaço para aprendermos, desenvolvermos e distribuirmos uma harmoniosa convivência com os nossos.
Vivemos a banalização da estrutura familiar e, para que esta banalização seja suportada, alguns debandeiam para ócio inútil da bebida, das baladas, das drogas da realização do sonho imediato e momentâneo do “aqui e agora”, “viva o hoje pois o manhã poderá não chegar”.
Falta o sonho, falta a essência, falta o compromisso, falta o amor. Ou melhor, vivemos a vulgarização de todos estes valores capitais subtraídos, lamentavelmente, na construção do porvir, do amanhã.
Tudo isso, por não ter havido exatamente, no tempo da semeadura por parte dos gestores familiares, educacionais e sociais a competência, a boa vontade e nem o tempo necessário para que fosse plantada nas jovens consciências a essência do útil conhecimento, do amor, da vida.
E, estamos por isso mesmo, criando cada vez mais gerações de doentes por não termos e nem sabermos como programar em seus corações o verdadeiro amor, repito: o amor do sonho, o amor da entrega, o amor da renúncia, o amor do comprometimento, o amor da essência.
Aí a história vai se repetindo e valiosas vidas vão se indo, na avalanche da desregrada proporção.
Os noticiários estão repletos destas violências disseminadas que nos incomodam. Chegamos mesmo a acreditar que acordamos viventes e, quando nos recolhemos para dormir, somos apenas sobreviventes, dado a desmesurada banalização da vida, do amor e da paz.
Onde está a causa? Não a temos e nem podemos culpar apenas o presente com todas as tecnologias, com todo seu desenvolvimento, com todos os seus problemas, pois a violência sempre existiu, sempre houve esta banalização. Acredito que tudo está, exatamente aí, e, é aí também, que está a grande oportunidade de aprendermos: aquele que não quer aprender com a história, sobretudo, com os erros da história, estará, sem dúvida, condenado a repeti-lo.
É na construção diária e constante de cada vida que está a oportunidade da escolha. Será que somos nós mesmos os responsáveis? Seremos exatamente nós, gestores familiares, doentes e nem nos damos conta?
Como disse Madre Tereza de Calcutá: “Do berço ao túmulo, a maior necessidade do ser humano é o amor, o verdadeiro amor.”
Será que nós, enquanto irmãos, estamos dando o verdadeiro amor aos nossos semelhantes?
Que sucessão infinita almejamos perpetuar, o amor ou a dor?