domingo, 8 de fevereiro de 2009

A POESIA E a mulher tysuname...

A FLOR E A FONTE:

  • "Deixa-me, fonte!" Dizia
  • a flor tonta de terror.
  • E a fonte, sonora e fria,
  • cantava, levando a flor.
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  • "Deixa-me, deixa-me, fonte!"
  • Dizia a flor a chorar:
  • "Eu fui nascida no monte...
  • Não me leves para o mar!"
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  • E a fonte, rápida e fria,
  • com um sussurro zombador,
  • por sobre a areia corria,
  • corria levando a flor.
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  • "Ai, balanços do meu galho,
  • balanços do berço meu;
  • ai, claras gotas de orvalho
  • caídas do azul do céu!..."
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  • Chorava a flor, e gemia,
  • branca, branca de terror,
  • e a fonte, sonora e fria
  • rolava levando a flor.
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  • "Adeus, sombra das ramadas,
  • cantigas do rouxinaol;
  • ai, festa das madrugadas,
  • doçuras do pôr-do-sol;"
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  • "Carícias das brisas leves
  • que abrem rasgões de luar...
  • Fonte, fonte, não me leves,
  • não me leves para o mar!..."
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  • As correntezas da vida
  • e os restos do meu amor
  • resvalam numa descida
  • como a da fonte e da flor...

(Vozes tysunâmicas: Vicente de Carvalho).

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